23 de maio de 2011

jequié

Jequié é um município brasileiro do estado da Bahia. Está a 365 km de Salvador, no sudoeste da Bahia, na zona limítrofe entre a caatinga e a zona da mata. Jequié é conhecida por possuir um clima comparável ao verão carioca. Cercada de montanhas, a cidade sofre com o calor durante quase todo o ano. Em dias de verão a temperatura pode chegar a 45°C. Jequié é rico em minério de Ferro, por isso é muito quente durante o dia e frio durante a noite.

História

A cidade se desenvolveu a partir de movimentada feira que atraía comerciantes de todos os cantos da região, no final do século XIX. Pertencente ao município de Maracás de 1860 a 1897, Jequié abastecia as regiões Sudeste e Sudoeste da Bahia, assim como a bacia do Rio de Contas. Com sua crescente importância como centro de comércio, a cidade cresce então linearmente às margens do Rio de Contas onde que, na época, era mais volumoso e estreito, e cercado por uma extensa mata.

O município de Jequié é originado da sesmaria do capitão-mor João Gonçalves da Costa, que sediava a fazenda Borda da Mata. Esta mais tarde foi vendida a José de Sá Bittencourt, refugiado na Bahia após o fracasso da Inconfidência Mineira. Em 1789, com sua morte, a fazenda foi dividida entre os herdeiros em vários lotes. Um deles foi chamado Jequié e Barra de Jequié.

Em pouco tempo, Jequié tornou-se distrito de Maracás, e dele se desmembrou em 1897, tendo como primeiro intendente (prefeito) Urbano Gondim.

A partir de 1910 é que se torna cidade e já se transforma em um dos maiores e mais ricos municípios baianos. O nome "Jequié" é uma palavra indígena para designar "onça", em alusão a grande quantidade desses animais na região. Outros historiadores já afirmam que o nome tem origem no "jequi", um objeto afunilado, muito utilizado pelos índios mongoiós para pescar no Rio das Contas.

Pelo curso navegável do Rio de Contas, pequenas embarcações desciam transportando hortifrutigranjeiros e outros produtos de subsistência. No povoado, os mascates iam de porta em porta vendendo toalhas, rendas, tecidos e outros artigos trazidos de cidades maiores. Tropeiros chegavam igualmente a Jequié carregando seus produtos em lombo de burro. O principal ponto de revenda das mercadorias de canoeiros, mascates e tropeiros deu origem à atual Praça Luís Viana, que tem esse nome devido a uma homenagem ao governador da Bahia que emancipou a cidade.

Ali veio a desenvolver-se a primeira feira livre da cidade que, a partir de 1885, ganhou mais organização com a decisão de José Rotondano, José Niella e Carlos Marotta, comerciantes e líderes da comunidade italiana, de comprarem todo o excedente dos canoeiros e de outros produtores.

Importante episódio da história estadual foi a decisão inusitada tomada pelo então Presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Aurélio Rodrigues Viana que, assumindo o governo em 1911, decretou a mudança da capital do estado, de Salvador para Jequié - ocasionando imediata reação do governo federal, que bombardeou Salvador e forçou a renúncia do infeliz político que adotara a medida.

Jamais tendo se constituído de fato, o gesto entretanto marcou a História da Bahia, como um dos mais tristes, sobretudo por ter o bombardeio da capital provocado o incêndio da biblioteca pública, onde estava guardada a maior parte dos documentos históricos de Salvador.

Depois da terrível enchente de 1914, que destruiu quase tudo em Jequié, a feira, o comércio e a cidade passaram a desenvolver-se em direção às partes mais altas. Após a enchente, Jequié ficou conhecida como a "Chicago Baiana", pois essa cidade norte-americana também foi destruída, em 1871, e teve que recomeçar quase do zero. A diferença é que Jequié acabou em água e Chicago em fogo. Em 1919, o então intendente, Antero Cícero dos Santos, inaugurou o cemitério municipal São João Batista, no atual bairro do Joaquim Romão.

No dia 1º de setembro de 1923 foi instalada a agência do Banco do Brasil em Jequié. Primeiro funcionou no saudoso "Sobrado dos Grillos", depois foi para a Avenida Rio Branco, em seguida para a Praça Ruy Barbosa, e nos dias atuais funciona na Rua da Itália. A cidade foi a primeira da região sudoeste da Bahia a ter uma agência do Banco do Brasil.
A "Pharmacia Jequié" foi fundada por Gregório Celli de Freitas, primeiro médico negro do sudoeste baiano.

Apesar das ações de desmatamento que acabaram por assorear o Rio de Contas, impossibilitando a navegação, a cidade seguiu firme em direção ao progresso e, em 1927, festejou a chegada da "Estrada de Ferro Nazareth". Nesse tempo, Jequié era a quarta cidade mais importante da Bahia e teve no comerciante Vicente Grillo seu grande benfeitor.
Jequié foi emancipada durante o governo de Luís Viana (1896-1900)

Jequié sente forte impacto com o advento da Revolução de 1930, quando é deposto o então intendente (prefeito) Geminiano Saback, no momento em que começava a construir o tão sonhado edifício da prefeitura, pois ela funcionava em imóvel alugado. A obra não foi levada adiante nem pelo seu sucessor, e a prefeitura de Jequié só ganhou o prédio uma década depois, em logradouro público diferente do planejado. Pavimentar o centro de Jequié foi outro plano de Saback interrompido pela revolução.

Durante a gestão do advogado Virgílio de Paula Tourinho (1934-1937), a cidade entrou em um rush de obras jamais visto. A feira foi deslocada da Praça Ruy Barbosa para a Praça da Bandeira, onde antes havia um mangueiro. As ruas do centro foram calçadas e a zona de meretrício foi deslocada do Beco do Cochicho (Rua Damião Vieira) para a antiga Rua do Maracujá, hoje Manuel Vitorino, que na época ficava fora do perímetro urbano.
A cidade de Jequié (centro) em mapa de 1922.



Com a reforma ortográfica de 1943, um grupo de intelectuais propôs a mudança da grafia do nome da cidade para "Jiquié", ideia que não vingou. Em 1948, a retirada de uma gameleira centenária, situada na Praça Ruy Barbosa, causa grande comoção popular. No mesmo ano, artistas e intelectuais cantam e publicam poesias para homenagear a árvore desaparecida.

Durante as décadas de 40 e 50, foram aterradas as várias lagoas que existiam nas proximidades do centro. O discurso apresentado pelos políticos, dizia que atrapalhavam no crescimento da cidade. Foi um grave erro. Tal atitude, somada com a destruição da mata ciliar do Rio de Contas, contribuiu para aumentar o aquecimento climático de Jequié. Entre as muitas lagoas aterradas, podem ser citadas a Lagoa do Maringá (atualmente um largo), a Lagoa da "Manga do Costa" (hoje Centro de Abastecimento Vicente Grillo), e a Lagoa que se localizava ao fundo do Jequié Tênis Clube. Nesta última, em fins dos anos 30, havia prática de esportes como remo, natação e outras recreações.

Em 1954, o então prefeito Lomanto Júnior inaugura, na Praça da Bandeira, o Mercado Municipal de Jequié, um dos melhores do interior do estado. Dois anos depois, em 1956, a sede do Rotary International é inaugurada em Jequié, sendo a primeira da América Latina. O prédio ostenta um formato de navio, que obedece ao arrojado projeto de Santorino Levita.

Nos anos 1960, cresceu no bairro do Jequiezinho um forte movimento para a emancipação política. Os moradores alegaram que o bairro tinha uma posição geográfica isolada do restante da cidade, visto que é separado do centro pelo Rio Jequiezinho e do bairro do Mandacaru pelo de Contas. Somando a esse fator, nas proximidades do Jequiezinho existia o cultivo de cacau.
Cacau, maior riqueza jequieense na primeira metade do século XX.

Para inibir a ideia de emancipação, o prefeito Waldomiro Borges construiu no bairro uma nova prefeitura para Jequié, no ano de 1971. Durante a década de 70, a cidade passa por uma grave crise econômica, em decorrência das emancipações de Aiquara, Itagi e Jitaúna. O interesse de emancipação desses distritos, aconteceu em razão do cacau. Tal crise só foi superada após o advento do Distrito Industrial.

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